Muito antes das primeiras fotografias, as câmeras
obscuras eram utilizadas para auxiliar o trabalho dos pintores e desenhistas.
Por sua vez, câmera clara é mais um
trocadilho do autor. Refere-se a câmara
lúcida, um aparelho surgido no início do século XIX, que permite, através
de um prisma, ver simultaneamente o objeto que se deseja representar e a folha
em que será feito o desenho. O efeito ótico de sobreposição permite ao
desenhista copiar com facilidade os contornos do objeto no suporte. Barthes
resgata este aparato esquecido na história para dizer que a essência que
encontra na fotografia não é de uma ordem profunda, íntima; ela está fora, no
elemento exterior que através dela se evidencia (p.157).
Para Barthes
existe duas emoções:
- O sujeito
olhado
- O que se
olha.
Os
conceitos analíticos dizem respeito aos três diferentes pontos de vista da
fotografia, sendo Operator, o
operador (o fotógrafo, quem opera a câmera), Spectator, o espectador (quem vê a imagem, analisa), e o Spectrum, aquilo que foi fotografado ou
o modelo que posa para a foto. Barthes é um observador que se assume ligado ás
imagens escolhidas e defende que, além de falar á cultura como expressão
simbólica, há algo na fotografia que toca singularmente aquele que dedica a ela
um olhar.
Studium e Punctum são dois conceitos
fundamentais elaborados por Barthes nesta obra. O Studium se refere a uma leitura com critérios e objetivos
definidos, algo que tem a ver com uma metodologia para a abordagem da imagem,
seja ela qual for. Studium é a “aplicação de uma coisa, enfim o contexto da fotografia. Para a compreensão do studium,
o spectator precisa de certa bagagem cultural, a fim de contextualizar a imagem e obter uma interpretação
aprimorada. Um método que auxilia na análise da imagem e inclui este estudo do studium,
é o método Cartesiano de Duvidar.
O
Punctum é algo que parece decorrer da
própria imagem, algo que lhe toca
independentemente daquilo que seu olhar
busca. Ligado ao afeto, é algo difícil de comunicar e, sobretudo de
compartilhar. Despreza todo o saber e cultura, já que se trata de algo
subjetivo e não referente ao contexto da imagem.Barthes cita que não se pode
confundir punctum com o exagero pois o punctum sempre é um ponto
na imagem que chama o olhar em particular do observador como se aquele ponto
estivesse em evidência.
A câmara
clara – é um
trabalho de escritura que tem de saída, em suas primeiras linhas, um belíssimo
questionamento: saber a qualquer custo o que era essa imagem em si mesma.
Trata-se de um trabalho de pesquisa sobre o signo fotográfico ,muito mais
próximo de uma estética da imagem fotográfica e que a diferencia dos outros
tipos de imagens.